sábado, 21 de março de 2015

Reflexões no Dia Mundial da Água: mercadoria ou direito da humanidade

A Agencia da Organização das Nações Unidas, UN-Water que coordena assuntos sobre água doce e saneamento determinou o tema Água e Desenvolvimento Sustentável para a comemoração do 22 de março de 2015, Dia Mundial da Água. O objetivo para o tema é estimular o debate sobre a busca de soluções para os desafios relacionados à água, por exemplo a iminência da falta dela, pela forte estiagem sofrida no Brasil em desde 2013

Segundo a  Agencia nacional de Águas (ANA), o Brasil detém 12% da água doce do mundo, se consideradas as águas que nascem no país, e 18% considerando as águas que vêm de outros países, como o caso do rio Amazonas, que nasce em Peru, e o rio Madeira, que chega da Bolívia

No gráfico, se mostra que o consumo humano é da ordem do 7%, ou seja consumo nas cidades que exclui as indústrias e contempla: o uso doméstico, no comércio, nas empresas, nos órgãos públicos, nas escolas, nas universidades, nos hospitais, dentre outros. A utilização rural é de 1% que toma em conta o uso do homem do campo, exceto a utilizada na irrigação e a água dedicada a cuidar a sede dos gado e animais em geral. A vazão de retirada é o volume de água por segundo retirado da natureza. A vazão de consumo é o volume retirado por segundo, mas que não retorna diretamente à natureza. O Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil, da ANA, apontou-se que o agronegócio é responsável por 83% do consumo total do país, confirmado pelo gráfico. Sendo que a nível mundial, o consumo médio, do agronegócio utiliza 70% da água consumível, seguida das indústrias e da mineração que consomem 21% desse recurso. Esta observação dá uma oportunidade para reduzir o desperdício levando a sociedade e as empresas a buscar um consumo racional que aumente a eficiência das empresas dedicadas ao agronegócios (2)

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Fonte: Agência Nacional de Águas (1)

O maior consumidor do recurso é o agronegócio, considerando a irrigação e a água utilizada na criação de animais que representa mais da metade (60%) da vazão total que é restirada. Além da demanda por água ter aumentado em todos os setores, o uso do solo, o padrão de construção dos centros urbanos e industriais, por exemplo, tem alterado o território de modo que o acesso a água, tanto superficial como subterrânea, fiquem mais difícil. Em consequência não se pode manter o mesmo padrão de uso que há quatro décadas. Ainda de acordo com a   ANA, no campo no campo e nas indústrias a economia de água pode ser feita a partir de mudanças nos processos produtivos, utilizando técnicas mais eficazes  no uso da água e tecnologias de reúso do recurso; quer dizer melhorando a gestão e planejamento no uso da água. 

Segundo o professor Alberto Fonseca, do Departamento de Engenharia Ambiental da Escola de Minas, uma alternativa para que a economia de água seja eficaz no agronegócio e também na indústria é a aplicação das leis 9.433/1997 e 11.445/2007, que dizem respeito aos recursos hídricos e ao saneamento básico e incentivam o uso controlado por meio de outorgas, cobranças e tarifas (1).

Para os setores de bebidas e sucroalcooleiro, por exemplo, há alternativas para diminuir os problemas relacionados ao recurso, como melhoria nos processos internos ao mensurar e monitorar o uso da água, compreendendo a responsabilidade sobre o uso do recurso, tanto dentro como fora de sua instalações. Além disso, formar parcerias com grupos não governamentais de modo a encorajar a preservação e a melhoria dos sistemas de gestão da água e estimular fornecedores e compradores ao longo de toda a cadeia de suprimentos a adotar as melhores práticas de gestão. “Devido ao alto consumo de água pelo agronegócio, a economia por meio de políticas que ataquem esse setor é potencialmente mais eficaz. Atacando somente o usuário urbano, a economia de água será insignificante. Além disso, devido à precariedade dos sistemas, há muita perda do recurso”, avalia Alberto (1).

A água, tal como o sol e o ar, é um elemento essencial à vida na Terra. A água é um bem comum, um bem público, um direito da humanidade. 




(1) http://www.ufop.br/index.php?option=com_content&task=view&id=16034&Itemid=196
(2) 
http://arquivos.insper.edu.br/Desenvolvimento_inst/mkt_institucional/2014/estadao/agricultura/X7_22_9_2014.pdf