segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Prolongar a vida dos produtos é dar valor aos Recursos Naturais: focar nos resíduos durante o processo produtivo e após o consumo diminuindo-os ou reconduzindo-os para outros processos produtivos

Há mais de quarenta anos os executivos e donos das empresas descobriram que o lixo e/ou resíduos resultantes dos seus processos de produção e descarte depois do consumo geram riscos ambientais e custos pelas reacções sociais e legais que visam proteger aquilo que cerca ou envolve os seres vivos e o lugar onde vivem: o Meio Ambiente (1). Então, surgiram os conceitos e as práticas da Gestão Ambiental Empresarial (GAE) e a Produção mais Limpa (P+L). A primeira a GAE trata das praticas  administrativas e operacionais que levam em conta a proteção do meio ambiente buscando a diminuir impactos em todas as etapas de vida de um produto incluindo o destino final, o descarte. A P+L visa diminuir resíduos sólidos, líquidos (efluentes) e gasosos (emissões) e minimizar o consumo de matérias primas, água doce e energia (2). 
   
Uma forma eficiente de recuperar o valor dos materiais, que formam os produtos, após sua utilização é o Reuso do produto, a Reforma ou Re-manufatura e finalmente a Reciclagem. 
Em um processo simples, de seguir, para um consumidor consciente ou qualquer cidadão que pensa na sustentabilidade, como a maioria de nós, essa recuperação começa – com a separação do lixo, ou melhor, separação dos resíduos recicláveis dos não-recicláveis (chamado também separação do lixo seco do lixo úmido). o paso seguinte é destiná-los aos Pontos de Entrega Voluntária (PEV's ou ecopontos) de um sistema de Coleta Seletiva ou entrega diretamente para as Associações e/ou Cooperativas de catadores que fazem essa coleta seletiva. Encaminhar os resíduos secos age diretamente na vida de muita gente e no equilíbrio do planeta (diminuindo a quantidade de lixo que se encaminhará aos aterros sanitários ou vazadouros). 
Modelo circular da Economia: As etapas da Vida dos produtos, para consumo, começam com extração das Matérias Primas, logo os vários processamentos = ou Manufatura, uma vez prontos a Distribuição para o mercado consumidor, o Consumo = clientes com o produto. Após o Uso vem as etapas em cor rosa: Reuso, Remanufatura (com as opções de só Reparo, ou nova distribuição ou envio à nova Manufatura; fechando o ciclo!! Então, ficaria pouco para descartar, em cor marrão (3)

Consequentemente os resíduos se tornaram foco das pesquisas e de um modelo de desenvolvimento industrial da produção que procura Lixo Zero, idealizado a semelhança da natureza, onde tudo é nutriente para um novo ciclo, chamado de Economia Circular (4). O ponto de partida é recriar produtos e sistemas industriais com três impactos de lucro: positivos para inclusão social, o meio ambiente e os negócios. Na inclusão social considera-se, que a operacionalização da recuperação de valor dos resíduos necessita de uma coleta seletiva que a realizam os catadores a quem devem-se preparar para potencializar e aumentar sua triagem e os consumidores que precisam separar seus resíduos para fechar o ciclo de aproveitamento dos recursos. 
Então, a economia circular é um o modelo focado em prolongar a vida dos produtos e recursos naturais conservando-os o maior tempo possível no ciclo económico, reduzindo emissões e resíduos, minimizando o consumo de recurso naturais e de energia combatendo assim as alterações climáticas (5).  



(1)SELIG P. M.; CAMPOS  L. M. de S.; LERIPIO A. de A. Gestão Ambiental, Capítulo 12, do livro Introdução a Engenharia de Produção organizado por M.O. BATALHA, Coleção Campus-ABEPRO, Elsevier Editora Ltda. 2008. 
(2) DIAS J. de O.  Gestão de Resíduos do Processo Produtivo da Construção Civil no MCGC-RJ: Umstudo sobre as ações Desenvolvidas na Atualidade.Dissestação do Curso de Engenharia de Produção na Universidade do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2016, Campos dos Gotacazes-RJ.
(3) https://www.ideiacircular.com/economia-circular
(4) https://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/economia-circular-e-tema-do-usp-analisa/
(5)https://eur-lex.europa.eu/resource.html?uri=cellar:8a8ef5e8-99a0-11e5-b3b7-01aa75ed71a1.0007.02/DOC_1&format=PDF

domingo, 18 de agosto de 2019

Catadores: Elo fundamental da Industria da Reciclagem e da Economia Circular no Brasil

Os catadores de material reciclável desempenham um papel importante no Desenvolvimento Sustentável, pois sua atividade da Coleta de Materiais Recicláveis, resulta em, além da geração de renda para os próprios envolvidos, contribuição à saúde pública e ao sistema de saneamento ambiental. Incluí-se, também, o fornecimento de material reciclável de baixo custo à indústria de reciclagem; a redução nos gastos municipais e a forte contribuição à conservação do meio ambiente, pela diminuição de matéria-prima utilizada nos processos produtivos, que conserva recursos naturais e energia, como pela diminuição da necessidade de mais terrenos a serem utilizados como vertedouros (ou lixões) e aterros sanitários, WIEGO (2009) (1).
Infelizmente os catadores compõem a parte mais frágil da cadeia de valor da reciclagem, eles são os atores-chave em todo o processo recuperação de valor nessa industria, uma vez que foi, tradicionalmente, baixa a participação de empresas privadas na coleta de resíduos reciclavéis. Estima-se que eles são responsáveis por cerca de 90% de todo o material que chega a ser reciclado no Brasil, Ipea, 2010 (2), ainda considerando que eles sejam avulsos (individuais) ou organizados em associações ou cooperativas. Nesse contexto, conforme a Pesquisadora Fernanda Lira, do Ipea (Instituto de Pesquisa Económica Aplicada) “Não existe reciclagem no Brasil sem o trabalho dos catadores. São eles que reinserem o material no ciclo de produção, transformando o que é considerado lixo em mercadoria novamente.” 
Catador avulso da vizinhança recebendo material da UENF (no centro de Triagem no prédio P5), em 2007
 Então, o ponto que é sempre levantado: qual o melhor jeito de lidar com os resíduos, tanto aqueles de produções industriais, como os de origem doméstica? Os resíduos resultam, de tudo aquilo que não tem serventia para os primeiros donos-consumidores de um produto e que são passiveis de Separação (orgânicos e não orgânicos), Coletados e logo distribuidos via uma atividade de Logista Reversa que necessita integrar os catadores!

Esse assunto permite refletir e pensar desde 'como é descartado?' até 'o que é feito após o descarte?'.
Atualmente, levando em consideração o que pode-ase chamar da indústria do consumo, que se conhece muito bem, o modelo de produção mais utilizado é o chamado de Modelo de Economia Linear. Sendo ele constituído pelas seguintes três ações: Extrair, Transformar e Descartar. Essas ações se explicam como segui. A matéria prima é extraída e processada para produção de itens que serão introduzidos na sociedade para o seu consumo. Isto é, após essa extração, passarão pela transformação ou manufatura e em seguida serão descartados. após consumo, como resíduos. Desta forma, se caracterizaria como um sistema de mão única onde é dada muita atenção a produção e praticamente nenhuma preocupação aos resíduos gerados na transformação nem ao que é descartado após-consumo.

Inicio de entrega de material à Cooperativa  Reciclar -Campos, em 2016.
Material do campus da UENF-Lionel Brizola após entrega e Coleta Seletiva

Pode-se fazer um paralelo com o se vivência no dia a dia: Quando compra-se um produto no supermercado, após ser utilizado descartam-se a sua embalagem e o que não é consumido. Para onde vão esses materiais? Os resíduos?
Os resíduos por muitas vezes, são acumulados, queimados ou simplesmente jogados na natureza, sem a menor responsabilidade sobre o(s) impacto(os) que possa(m) causar.
Então, chegou-se à outra questão, será que não se poderiam reaproveitá-los de alguma forma? É nesse momento, que se encaixam os conceitos de um Modelo de Economia Circular.
Como o próprio nome já diz, basicamente inicia-se com o modelo de economia linear (que concebe que o ultimo estágio dele é o descarte do resíduo) e juntam-se as “pontas”, ou seja, o descarte deixa de ser o último estágio! Assim, o material descartado (ganha valor) viria a ser considerado como potencial matéria prima e, desta forma, se transformando em um ciclo, onde os resíduos se tornariam em insumos ou entradas para novas produções e/ou reciclagem. Simples, não é? 
No Brasil, já acontece uma alta reciclagem das latinhas de alumínio, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Produtores de Latas de Alumínio para bebidas (Abratalas) "há 14 anos o Brasil ocupa a liderança na reciclagem de latinhas de alumínio."(3), Assim mesmo, este exemplo reconhece a importância dos catadores para os resultados de alta reciclagem das latinhas de aluminio: 98,4% . E afirma-se que "há necessidade de melhorar as condições de trabalho dos catadores" (3).   

Os catadores são os maiores incentivadores do conceito da economia circular. Apesar de muitas vezes marginalizados, estes têm e terão um papel de suma importância nessa dinâmica de recuperação de resíduos!

(1) WIEGO Enfocandonos en las Trabajadoras Informais: Recicladoras de Basura http://www.wiego.org/sites/default/files/resources/files/FactSheet-Recicladoras-
(2) IPEA – INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Pesquisa sobre pagamento por serviços ambientais urbanos para gestão de resíduos sólidos. Brasília: Ipea, 2010.
(3) https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2016/06/1784363-brasil-e-campeao-mundial-na-reciclagem-de-latas-de-aluminio.shtml .