sábado, 15 de junho de 2013

Lixo vira ouro: catadores em Belo Horizonte transformam resíduos em Arte

Em matéria da CNN, edição Internacional, de 13 de junho, os jornalistas Eoghan Macguire e Sofia Fernandes que fazem um recorrido no Brasil para levantar informação sobre como o pais esta se preparando para a Copa 2014, relatam suas pesquisas das atividades dos catadores da cooperativa ASMARE [1]. A seguir um resumo deste artigo jornalistico.

A coluna começa com a pergunta - Quando o lixo desaparece na lixeira, onde ela vai? 
Pergunta natural e simples para muitos. Mas a resposta não é nada simples, em Belo Horizonte, quando se refere ao lixo. Pois nela, há anos, existe o trabalho dos catadores associados a cooperativa ASMARE, onde eles são  hábeis em transformar qualquer material em desuso em móveis, jóias ou até mesmo obras de arte. No relato do próprio catador Edimar Ferreira, de 39 anos, "Eu tenho dois empregos. Eu vou a recolher o lixo e logo então eu o transformo em arte. Faço pequenos sofás, bancos de madeira, mesas e outros adornos de plástico." E logo acrescentou sobre sua  cooperativa "Nos temos frase  - o sue lixo é o meu luxo." 
Catadores como Edimar são vistos com frequência nas vilas e cidades de todo o Brasil - um conjunto  heterogêneo de indivíduos que peneiram montanhas de lixo de rua ou dos lixões para localizar papel, latas, garrafas, metais e outros tipos de materiais recicláveis.
Uma estimativa da Associação Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), do 2010, afirmou que havia cerca de um milhão de catadores no Brasil, embora apenas um pequeno número deles trabalhem oficialmente para as cooperativas e organizações como a ASMARE. Muitos são os ex-sem-teto, ex-reclusos ou pessoas que tropeçaram em tempos difíceis, vendendo o que eles encontram para reciclagem.
Lixo em ouro: o Brasil catadores vez lixo em arte
Nos últimos anos, no entanto, o retorno de dinheiro para muitos dos catadores de Belo Horizonte tornou-se demasiado inconsistente para garantir um rendimento estável. A solução que a ASMARE - grupo que representa cerca de 200 catadores - propus foi ser criativo com o material que eles têm em quantidade - lixo.
Recrutando a ajuda de artistas locais e voluntários, a Asmare se concebeu um programa de artes há uma década, onde os trabalhadores são ensinados a transformar os itens recicláveis que encontram durante suas coletas diárias. "O centro de arte começou com o propósito de sermos capazes de fazer os nossos próprios carrinhos, e, em seguida, para que os filhos dos catadores aprenderam a fazer artesanato e outras peças de arte com o material coletado", disse Dona Geralda, fundadora e presidente da ASMARE. "Os principais benefícios são a geração de emprego e renda para os catadores e seus filhos. Nós (temos agora) começamos a implementar a cultura de" lixo que não é lixo '", acrescentou a catadora de 63 anos, quem tem sido catadora desde que ela tinha oito anos.
Produtos preparados no programa de marcenaria e artesanato da ASMARE. Foto da matéria da CNN Internacional [1]


Todos os itens criados na ASMARE são vendidos em uma loja perto da sede da organização, com os lucros compartilhados igualmente entre os catadores. Combinando vendas de arte e o dinheiro acumulado com a venda de materiais reciclados, a renda mensal de um trabalhador ASMARE, em médias, agora chega  a uns respeitáveis ​​1.700 reais.
No entanto, a ASMARE ter sido a primeira em incluir um programa criativo ( e reivindique ter sido a primeira cooperativa de catadores no Brasil) existem outras organizações apoiados por artistas a adotaram táticas igualmente imaginativos na realização de projetos criativos com catadores nos últimos anos. 
Em 2010 o filme - Lixo Extraordinário (Wasteland) indicado ao Oscar, documental sobre os catadores de Jardim Gramacho, aterro do Rio de Janeiro agora fechado, nele se relata como os catadores  se tornaram temas de obras do artista brasileiro Vik Muniz. As obras de arte acabaram sendo vendidas por dezenas de milhares de dólares cada.
 De acordo com Mauricio Soares, um artista que dirige o programa criativo ASMARE, ajudando catadores para produzir arte é muito mais do que apenas os benefícios financeiros ou criativo óbvios. "No Brasil, o catador muitas vezes é discriminado por causa de sua profissão", disse Soares. "Por isso, ligar a arte à reciclagem lhes permite ir a lugares que eles nunca foram antes e eles acabam tendo uma melhor aceitação, pois o seu trabalho criativo dá-lhes uma boa visibilidade", acrescentou.
Soares também vê potencial para promover as possibilidades de reciclagem em todo o país. "Arte através da reciclagem tem como objetivo despertar a consciência das pessoas para pensar sobre o que o lixo é ou não é", disse Soares. "Esta nova consciência vai nos ajudar a promover a redução de resíduos.
Isso é algo com o que Ferreira concorda fortemente. Ele aponta para o que aprendeu desde que começou o programa da ASMARE, há dois anos, como um exemplo, de como as atitudes para o lixo pode mudar.
"Esta experiência me fez olhar para a reciclagem de uma maneira diferente", disse ele. "Há materiais que eu usei e jogava fora que agora eu conservo, porque eu agora já posso me imaginar fazendo algum bom pedaço com ele mais tarde. Eu não vejo o material apenas como lixo mais."

Como comentário final
O questionamento do inicio da matéria lembra muito bem a afirmação MAS A LATA DE LIXO NÃO É UM DESINTEGRADOR MÁGICO DE MATÉRIA ! - do sitio eletrônico [2], coordenado por Pólita Gonçalves e  Jorge Pinheiro. Porque quando se descarta é quando começa a cadeia de ações para gerenciar potenciais fontes de poluição e/ou reaproveitamento de recursos: como energia, materiais não renovais, água.  
Pode-se constatar que a matéria é uma manifestação da descoberta,  dos jornalistas americanos, do valor do serviço de cidadania dos catadores que atuam nas ruas das cidades de latino-América, que levaram a reconhecer o valor que possuem alguns materiais descartados, e está explicito na frase da cultura da ASMARE - o seu lixo é o meu luxo! 
Catadores organizados tem a possibilidade de identificar que, para crescer como organização precisam se aprimorar e propor programas para chegar a vislumbrar inovações naquilo que conhecem: catação e coleta de material reciclável! 


[1] http://edition.cnn.com/2013/06/12/world/brazil-catadores-trash-treasure/

[2] pagina inicial do http://www.lixo.com.br/

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